Lógica

“O espírito, na sua atividade de conhecer, não trabalha ao acaso, de modo fantasiado: o espírito deve funcionar de uma determinada maneira seguindo certas regras e certos princípios, para alcançar o conhecimento verdadeiro. Definiremos a lógica com o estudo das condições do pensamento válido, isto é, do pensamento que alcança a verdade.”

M.Gex

 “Um raciocínio é um processo mental (como o são também a imaginação ou a recordação) que se carateriza pelo facto de nele se dar um passo que vai de um ou mais enunciados (as premissas) para outro posterior (a conclusão) que deriva necessariamente daquelas. Em linguagem natural, a conclusão dos raciocínios é introduzida por expressões como: portanto, logo, por consequência, entre outras.
A Lógica ocupa-se com a estrutura do raciocínio, de modo a que este seja formalmente válido, daí que prescinda dos conteúdos e que claramente se diferencie de outras disciplinas que, como a Psicologia, se interessam também pelo raciocínio, mas numa outra perspectiva.”
S. Fernandes

“Sejamos gerais: a Lógica é o estudo dos raciocínios, dos argumentos formalmente válidos. Um argumento é formalmente válido quando a verdade das premissas garante a conclusão pela forma, e apenas pela forma. O elo entre as premissas e a conclusão que é puramente formal justifica a aceitação da conclusão somente nesta base. (…) o importante aqui é ver que a lógica é concebida como um elo formal, do qual o último elemento é último porque deriva dos outros, ou de um outro se for o único a preceder a conclusão. Este elo formal sustenta-se no facto e que muitos argumentos se encaixam de formas materialmente diferentes, mas estruturalmente idênticas. Se dissermos” Todos os homens são mortais, Sócrates é homem, logo Sócrates é mortal”, podemos substituir Sócrates por Aristóteles, Platão, etc. Podemos proceder do mesmo modo para todos os termos do raciocínio, e simbolizar o mesmo escrevendo: «Todos os x são y , a é x, logo a é y>> e substituir o x, o y e a são-no, e se as premissas forem verdadeiras, então a conclusão deve sê-lo igualmente, independentemente de qualquer consideração do conteúdo. Se afirmarmos que: Todos os homens têm asas, Sócrates é homem, teremos o direito de deduzir daí que << Sócrates tem asas». A conclusão, materialmente falsa porque uma das premissas o é, é formalmente verdadeira.”
M. Meyer, Lógica, Linguagem e Argumentação (Adaptado)


Consolidação das noções de: Lógica formal, validade e de verdade.

Como sabemos um argumento válido é aquele em que, se as premissas forem verdadeiras, então é certo, ou pelo menos muito provável, que a conclusão é verdadeira.
A validade e a invalidade são propriedades dos argumentos e não das proposições que os constituem. Um argumento pode ser válido ou inválido, mas não faz sentido dizer, que um argumento tem premissas válidas ou que tem uma conclusão inválida. Só um argumento no seu todo é válido ou inválido.
A verdade ou a falsidade são propriedade das proposições e não dos argumentos. Por isso, faz sentido afirmar que um argumento tem premissas verdadeiras ou que tem conclusão falsa, mas é absurdo dizer que um argumento é verdadeiro ou é falso.


Formas de inferência válida
Quando raciocinamos realizamos inferências, isto é, derivamos conhecimentos novos, conclusões, a partir daquilo que já conhecemos (as premissas). Há vários modos de realizar as inferências: por indução, por analogia e por dedução.

A Indução - Operação mental que parte do conhecimento de factos observáveis concretos, particulares e contingentes, para inferirmos, ou concluirmos, uma proposição universal

Ex: O Ferro, o alumínio e o cobre dilatam com o calor; o ferro, o alumínio e o cobre são metais. Conclusão: os metais dilatam com o calor.

Dedução -  A inferência dedutiva parte de uma ou mais proposições gerais (as premissas) e conclui uma nova proposição que delas deriva necessariamente.
  
Ex: Todos os mamíferos são vertebrados. Todos os homens são mamíferos. Conclusão Todos os homens são vertebrados.

Analogia – Neste caso a inferência resulta de uma comparação. Com base nas semelhanças conhecidas entre dois factos ou objectos concluímos a existência, num deles, de uma característica só conhecida no outro.                                                                                               

Ex: Premissas o organismo animal e o organismo humano têm certas semelhanças de funcionamento. Sabendo que um determinado medicamento é bem tolerado pelo organismo animal podemos concluir que será também bem tolerado pelo organismo humano.

Conclusão

Enquanto que a dedução conduz a conclusões necessárias, isto é, aceitando a verdade das premissas a conclusão é verdadeira, a indução ou a analogia podem conduzir a proposições falsas mesmo partindo de premissas verdadeiras (a relação lógica entre as premissas e a conclusão não é necessária).

Mapa síntese de consolidação das noções de:
Dedução, Indução e Analogia.



Tipos de inferência
Caraterísticas
Validade





Dedução
Parte do universal para o menos geral; A conclusão decorre necessariamente das premissas, porque já estava contida nelas.
É impossível que de premissas verdadeiras se extraia uma conclusão falsa;
A conclusão é necessária.





Exclusivamente formal





Indução
Parte do particular para o geral.
A conclusão não decorre necessariamente das premissas; aumenta o conhecimento porque generaliza.
É improvável, mas não impossível, que das premissas verdadeiras se extraia uma conclusão falsa.




Não exclusivamente formal




Analogia
Parte do particular para o particular, parte de um conjunto de semelhanças para concluir outras semelhanças; A conclusão não decorre necessariamente das premissas;
É improvável, mas não impossível, que das premissas verdadeiras se extraia uma conclusão falsa.





Não exclusivamente formal

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